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Arquitetura social: como unir o sucesso profissional e fazer a diferença

Publicado em 24/09/2022

Escrito por: Comunicação Atitus

Iniciativas que promovem o bem-estar da população podem contribuir para construção da carreira como arquiteto

Em um país como o Brasil, que, de acordo com dados do IBGE, ocupa a nona posição entre as nações mais desiguais do mundo, a Arquitetura é uma área com grande função social, afinal, a moradia é uma das necessidades básicas de todo ser humano. É importante que arquitetos possam expandir a sua visão para enxergar novas possibilidades dentro da profissão. Uma delas é a arquitetura social, que promove a necessidade de olhar para a população considerada de baixa renda e oferecer serviços que caibam em todos os bolsos pode ser um diferencial no trabalho dos arquitetos.

Sim, é possível fazer a diferença na vida das pessoas, promovendo ou contribuindo para o acesso à moradia digna, e rentabilizar trabalhando na área. Se interessa pelo assunto? A seguir, você vai conhecer histórias de quem vem se dedicando à arquitetura social.

MAS, AFINAL, O QUE É ARQUITETURA SOCIAL?

A arquitetura social é voltada para o planejamento e construção de moradias para população de baixa renda. Entre seus principais objetivos, pode-se destacar a interação entre a vida e a forma e estimular uma relação saudável entre as pessoas e as cidades.

No projeto de arquitetura social, o arquiteto deixa de lado as preocupações estéticas e foca em aspectos como uso dos materiais, condições do terreno, reformas, disponibilidade da mão de obra e situação socioeconômica dos moradores do local.

A luta por moradias adequadas já ocorre há bastante tempo no Brasil, mas por meio de uma Lei Federal de 2008 (Lei Nº 11.888/2008), busca-se uma regulamentação mais efetiva de todo esse processo, explica a Doutora em Arquitetura e Urbanismo, Anicoli Romanini.

Esse dispositivo legal foi criado com a intenção de garantir a famílias de baixa renda o direito à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e construção de habitação de interesse social.

Diante disso, Anicoli comenta que a arquitetura com caráter social é um direito assegurado por qualquer cidadão, que é garantido por meio da Constituição Federal e afirmado pelo Estatuto da Cidade desde 2001.

“É importante desmitificar a ideia de que a arquitetura é somente para quem pode pagar. A arquitetura social pode ser um importante campo de atuação para os profissionais que se dedicam às questões coletivas da cidade, de caráter social, humanitário, atendendo uma grande massa da população, que não tem condições financeiras de ter acesso a uma arquitetura técnica eficiente e de qualidade, e que, por meio da autoconstrução, coloca muitas vezes em risco a sua própria família”, comenta a arquiteta.

ARQUITETURA SOCIAL NA FACULDADE

Há 10 anos, o curso de Arquitetura e Urbanismo da Atitus se unia ao Grupo de Mulheres ‘Unidos Venceremos’, com a missão de construir 210 moradias no loteamento Canãa, em Passo Fundo. A iniciativa surgiu, a partir de um projeto de pesquisa realizado por um grupo de professores e alunos, do qual Anicoli Romanini, era uma das integrantes. O projeto contou com aporte financeiro de R$ 630 mil do governo do Estado.

Há 10 anos, o curso de Arquitetura e Urbanismo da Atitus se unia ao Grupo de Mulheres ‘Unidos Venceremos’, com a missão de construir 210 moradias no loteamento Canãa, em Passo Fundo.

“Após o diagnóstico dos anseios e necessidades das famílias, juntamente com a arquiteta Marcele Salles, elaboramos a proposta arquitetônica da residência de dois dormitórios com aproximadamente 45m². O diferencial do projeto foi a possibilidade da ampliação do embrião original da casa de acordo com a demanda de cada família, para mais um dormitório, um espaço para um pequeno comércio ou, até mesmo, a ampliação da área social da residência”, declara Anicoli.

Hoje, as residências já estão construídas, a iniciativa contou com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) e foi selecionada pelo Ministério das Cidades, através do Programa Minha Casa Minha Vida.

TRÊS INICIATIVAS VOLTADAS À ARQUITETURA SOCIAL

Pelo Brasil, são inúmeras as iniciativas que envolvem a Arquitetura com caráter social. Neste conteúdo, vamos destacar três delas.

ARQUITETOS VOLUNTÁRIOS

Na capital dos gaúchos, o projeto Arquitetos Voluntários nasceu a partir do desejo de ajudar a minimizar os impactos da pandemia. Mas de que forma um arquiteto consegue contribuir em um momento de crise?

Foi aí que a arquiteta Daniela Giffoni decidiu que deveria fazer alguma coisa para ajudar no combate ao coronavírus. “Convidei alguns amigos e colegas de profissão para montarmos um grupo de ajuda aos hospitais que atendessem o SUS”, relembra.

Daniela possui experiência com projetos voltados à área da saúde, e um dos seus clientes é o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), referência na capital. Ao oferecer ajuda, ela foi informada sobre a necessidade de uma área isolada para que os profissionais de saúde, que atuariam na ala covid, pudessem circular e descansar sem entrar em contato com os demais pacientes.

A partir da demanda recebida pelo HCPA, Daniela reuniu seis amigos arquitetos e fundou o Arquitetos Voluntários, coletivo que tem como objetivo construir espaços de descompressão em hospitais para profissionais de saúde que atuam na linha de frente de combate à covid-19.

“Até o momento, entregamos 17 ações, e estamos com oito em andamento e 12 em fila de espera. A demanda é enorme. Cada ação é diferente da outra, as dificuldades se apresentam de todas as formas. Temos carinho por todas as ações e as histórias de coleguismo, aprendizado e altruísmo jamais serão esquecidas”, acrescenta Daniela.

O tempo passou e o projeto cresceu. Hoje, são 120 arquitetos voluntários, além de outros profissionais envolvidos, como artistas plásticos, fotógrafos, jornalistas, empresários, prestadores de serviços e advogados.

Arquitetos Voluntários é um coletivo que tem como objetivo construir espaços de descompressão em hospitais para profissionais de saúde que atuam na linha de frente de combate à covid-19.

Conheça o projeto, acesse o perfil do Instagram @arquitetosvoluntarios

ARQUITETURA PRA QUEM MAIS PRECISA

Em Passo Fundo, ‘O Arquitetura Pra Quem Mais Precisa’ reúne arquitetos e engenheiros, para levar serviços técnicos da área de arquitetura para famílias de baixa renda. O foco principal são reformas de banheiros e, para isso, é arrecadado recursos por meio de campanhas em redes sociais.

A partir daí, o grupo desenvolve os projetos necessários e acompanhamento da obra, até que tudo seja executado, de tal maneira que possam proporcionar mais qualidade de vida, higiene, segurança e melhores condições de habitabilidade para as famílias.

O foco principal do projeto são reformas de banheiros e, para isso, é arrecadado recursos por meio de campanhas em redes sociais.

Uma das responsáveis pela ação é a mestranda em Arquitetura pela Atitus Paola Pol Saraiva. “O projeto foi idealizado pela arquiteta Marina Bernardes, na cidade de Rio do Sul (SC), como um projeto de extensão universitária. Posteriormente, a ideia foi replicada em Passo Fundo, onde já atuamos há um ano e entregamos três obras”, explica.

Para Paola, o impacto causado pelo projeto em sua trajetória profissional tem sido gigantesco. Ela conta que não teve contato com arquitetura social durante a faculdade. E depois de formada, muitas vezes, sentiu dificuldade de encontrar um propósito dentro da sua atuação profissional.

Uma das responsáveis pela ação é a mestranda em Arquitetura pela Atitus Paola Pol Saraiva.

“Com a participação no projeto, pude conhecer o lado mais transformador da arquitetura, aquele que realmente modifica a realidade e gera qualidade de vida. Acima de tudo, pude entender que a arquitetura não é (ou não deveria ser) um ‘artigo de luxo’, mas sim um serviço necessário e que deve estar disponível a toda a humanidade”, relata.

Conheça o nosso projeto através do Instagram @arqpquemmaisprecisa_pf.

FAZENDINHANDO

Fazendinhando é um movimento de transformação territorial, cultural e social no Jardim Colombo, na zona oeste de São Paulo. A iniciativa é dos próprios moradores por meio da recuperação de espaços públicos e moradias, ações de arte e cultura, qualificação profissional e empreendedorismo social.

É considerado um lugar vibrante e dinâmico, porém, com diversas carências fundamentais. A paisagem é dominada pelos resíduos sólidos deixados nas ruas pelos moradores, por falta de solução melhor. O córrego que cruza todo o espaço está poluído e em diversos momentos passa por baixo de moradias, causando problemas de enchentes e de saúde.

A estruturação do espaço e o projeto arquitetônico foram desenvolvidos por meio de um processo participativo que ouviu a opinião da comunidade.

Hoje, a comunidade abriga uma população de aproximadamente 17.000 pessoas em área uma de quase 15 hectares, que integra o Complexo de Paraisópolis, constituído por quatro núcleos: Paraisópolis, Jardim Colombo, Porto Seguro e Pinheiral - perfazendo uma ocupação de mais de 100 hectares, em um local de forte expansão imobiliária e vizinhança consolidada de renda média a alta.

Na comunidade, não havia uma praça ou parque para lazer, mas tinha um lixão. A partir de um pacto social, os moradores do Colombo, com apoio do Arq.Futuro, deram início a uma mobilização para remover os resíduos e o entulho do terreno, para transformá-lo em um parque: O Parque Fazendinha, dentro do Movimento Fazendinhando.

É aí que a Arquitetura tem papel fundamental neste processo. Na construção de projetos baseados nas necessidades locais, na leitura e análise territorial, no gerenciamento de ações e na elaboração de ideias e diferentes alternativas frente aos desafios existentes.

A arquiteta e urbanista social Ester Carro, que atua também como presidente no Fazedinhando, explica que a construção do Parque Fazendinha se baseia em dois processos paralelos que se sustentam.

“Por um lado, temos a transformação física do terreno, que se baseia em limpar o lixão e, seguindo o projeto desenvolvido a partir de um processo participativo, oferecer um espaço de lazer com a infraestrutura necessária para tal, criando acessibilidade, vitalidade, identidade e resiliência”, esclarece.

Por outro, há a clareza que, desde o início, o espaço deve ser ocupado e apropriado pela comunidade. “Para isso, foi feito um programa de atividades baseado em arte e cultura, com o objetivo de ampliar a conscientização dos moradores em torno de questões como a importância do cuidado com o entorno e com o meio ambiente, o respeito e o trabalho coletivo, promovendo a cultura de paz dentro da comunidade do Jardim Colombo”, relata.

Para Ester, é importante aplicar procedimentos técnicos estruturados nas ações comunitárias de promoção de melhorias e transformação da realidade precária local, principalmente envolvendo o conhecimento acadêmico.

“A qualificação profissional progressiva da arquitetura e a capacitação de moradores para o processo participativo são movimentos que juntos constroem uma rede colaborativa, promovendo a habitabilidade e dignidade na vida dos moradores.”, finaliza.

TEM COMO GANHAR DINHEIRO COM ARQUITETURA SOCIAL?

A resposta é sim! Tem como ganhar dinheiro sendo um arquiteto que trabalha com caráter social, pois a moradia é uma das necessidades básicas de todo ser humano. Diante desse contexto, é importante que arquitetos possam expandir a sua visão e enxergar novas possibilidades dentro da profissão.

Além de voluntários, muitas organizações não governamentais (ONGs) precisam contratar profissionais para atuar de forma mais ativa. Outra boa opção para quem quer trabalhar com arquitetura social é fazer concursos públicos, pois, além de oferecer estabilidade financeira, cargos no governo trazem a possibilidade de realizar grandes projetos municipais, estaduais e federais.

Ainda tem dúvidas que a arquitetura voltada para as classes C, D e E pode ser uma boa oportunidade de negócio? Os dados abaixo, revelados em uma pesquisada CAU/BR e Datafolha, podem te convencer do contrário.

Apenas 7% das famílias brasileiras já utilizaram serviços de um arquiteto e urbanista, e 70% delas o utilizariam. No grupo de pessoas que não utilizaram, mas sentem vontade, cerca de 33% alega que a falta de condições financeiras é o maior impedimento.

Apenas 17% consideram que o serviço é muito caro.

A maioria dos entrevistados acredita que o trabalho do arquiteto custa cerca de 20% a 40% do total da obra, quando, na realidade, fica em torno de 10%.

Ou seja, a crença de que um serviço de arquitetura é somente para quem tem dinheiro precisa ser mudado, pois existe um grande grupo de pessoas dispostas a contratar arquitetos.

10 DICAS PARA EMPREENDER EM ARQUITETURA SOCIAL

Foque no mercado de reformas Invista na população considerada de baixa renda Faça marketing local Ofereça um projeto completo (planejamento, material, mão de obra e financiamento) Facilite o pagamento com a opção de parcelamento Compre materiais direto com os fabricantes Qualifique a mão de obra Viabilize metodologias de troca e mutirões Busque parcerias Elabore um plano de negócios _Fonte: Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil _

Agora que você já sabe mais sobre arquitetura social, que tal conhecer outras áreas da arquitetura que também podem ser excelentes alternativas para se trabalhar?

Descubra mais no conteúdo Sou arquiteto, e agora o que posso fazer?

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