Direito celebra 20 anos com emoção, conhecimento e lançamento de Doutorado
Publicado em 20/11/2024
Escrito por: Caue Fonseca
Elda Bussinger, da FDV, e Nitish Monebhurrun, da UniCEUB, foram os speakers do evento
Uma noite de festa, emoção e conhecimento marcou os 20 anos da Escola cuja história se mistura com a da própria Atitus Educação.
No auditório do Campus Santa Teresinha, estudantes, professores, egressos e convidados celebraram na última segunda-feira (18) as duas décadas da Escola de Direito e o lançamento do primeiro Doutorado em Direito da região Norte do Rio Grande do Sul.
O evento contou também com palestras da professora Elda Coelho de Azevedo Bussinger - presidente da Sociedade Brasileira de Bioética e coordenadora da Pós-Graduação da Faculdade de Direito de Vitória (FDV), instituição parceira da Atitus no primeiro Doutorado em associação no Brasil - e do professor francês Nitish Monebhurrun, doutor e pós-doutor em Direito Internacional pela Escola de Direito de Sorbonne e pesquisador do Centro de Ensino Unificado de Brasília (UniCEUB).
A lembrança do primeiro curso autorizado pelo Ministério da Educação, em 29 de dezembro de 2004, levou o presidente da Atitus Educação, Eduardo Capellari, a segurar as lágrimas ao discursar no púlpito relembrando a ansiedade inicial para que a Escola se colocasse entre as melhores instituições de Direito do Brasil.
“Nessa jornada, o que mais merece ser saudado é a parceria: a parceria entre professores, alunos e funcionários. Se hoje alcançamos feitos notáveis, como a conquista de um novo Doutorado, é graças à paciência e compreensão dos nossos alunos. Aqueles que se formaram há mais tempo entenderam que essa caminhada é contínua e sempre será construída com base na colaboração e na parceria”, declarou Capellari.
Eduardo Capellari recordou início do Direito, primeiro curso da Atitus autorizado pelo MEC
As falas de abertura da noite exaltaram os feitos atingidos pela Escola de Direito em sua trajetória, como os 1.637 alunos formados em Direito nos campi de Passo Fundo e Porto Alegre, os 183 mestrados em Direito pós-graduados desde 2013 e a parceria para dupla titulação com a Università degli Studi di Perugia, na Itália.
“Somos vanguardistas, enfrentando desafios que trazem consigo grandes oportunidades. Continuaremos investindo nosso tempo e recursos naquilo que mais transforma: a educação. Uma educação que muda vidas, impulsiona a prosperidade e abre caminhos para o futuro. Que venham os próximos 20 anos”, declarou a professora Salete Oro Boff, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Direito da Atitus.
Já Leandro Caletti, diretor da Escola de Direito da Atitus, recordou que a sua trajetória profissional foi marcada pela instituição quando ele ingressou no Mestrado em 2015, mas preferiu focar a maior parte da sua fala em um olhar para o futuro, nos desafios de ensinar uma nova geração mais exigente:
“Essas gerações não querem algo enlatado, pronto e acabado. Anseiam por professores que tenham relevância, expertise de mercado, mas, ao mesmo tempo, a humildade de se sentar ao lado, reconhecer diferenças e compartilhar o caminho de suas jornadas acadêmicas. Enquanto muitos criticam as novas gerações como letárgicas ou acomodadas, nós nos esforçamos para compreender suas necessidades e identificamos formas mais eficazes de comunicação”, declarou Caletti.
Painéis
Principais estrelas da noite, os speakers optaram por falas bem diferentes. Enquanto Elda Bussinger, da FDV, apostou na emoção para falar de um futuro mais colaborativo e ético dentro e fora do meio jurídico, Nitish Monebhurrun, da UniCEUB, deu um show de conhecimento sobre como o Direito Internacional trata de formas distintas empresas e países. As conversas foram mediadas pelos professores Leandro Caletti e Salete Oro Boff.
Os painelistas Nitish, da UniCEUB, e Elda, da FDV, fizeram falas distintas no estilo e repletas de conteúdo
Em um convite à reflexão que emocionou o público, Elda pediu atenção ao próximo em nome de um futuro em que todos atuem em prol do bem comum.
“O Direito nos deu grandes tratados, mas foi incapaz de resolver questões fundamentais. A educação nos trouxe progresso e conforto, como este auditório bem equipado que não existia há 20 ou 30 anos, mas falhou em nos tornar mais felizes, mais leves, mais carinhosos. (...) Convido vocês a refletirem sobre a fragilidade que compartilhamos habitantes desta casa em comum. Temos tecnologia e conhecimento para evitar catástrofes, mas carecemos da solidariedade necessária para assegurar a sobrevivência humana. É hora de reconhecer o outro não como um estranho, mas como parte essencial da nossa jornada”, declarou a painelista.
Nitish, por sua vez, apostou em uma fala densa sobre o desafio do Direito Internacional em lidar com as tensões entre as grandes corporações e seus interesses e as legislações dos países e comunidades em que elas operam, bem como suas prioridades. O pesquisador francês colocou em debate uma série de exemplos reais.
É admissível, por exemplo, que uma empresa europeia pague pedágio a uma organização extremista para seguir operando em um país no Oriente Médio? Uma empresa de tabaco suíça pode processar um governo na América Latina caso considere arbitrários os vetos aos seus produtos? Uma cadeia de supermercados na França pode ser responsabilizada caso haja mão de obra escravizada na cadeia de produção de um produto sem o seu conhecimento?
“Em alguns países do Oriente Médio, aplicativos disponíveis em plataformas como Apple e Google permitem a compra de pessoas. São pessoas que trabalham em casa, como empregadas, mas que, na prática, sabemos que são escravizadas. Nesse contexto, surge a questão da responsabilidade dessas empresas”, disse o pesquisador.
Conforme demonstrou Nitish, apesar de facilitarem práticas ora ilegais ora antiéticas, as grandes corporações são amplamente protegidas pelo Direito Internacional, especialmente pelo Direito Internacional dos Investimentos, que lhes concede uma proteção abrangente e privilegia seus interesses em razão do capital depositado na economia dos países em que atuam.
Painelistas mantiveram auditório do Campus Santa Teresinha repleto por quase três horas
Com o lançamento oficial do Doutorado em Direito e a participação de renomados palestrantes - que mantiveram o interesse da plateia e o auditório repleto por quase três horas - a noite representou um marco de transformação, conhecimento e confiança no futuro da instituição.