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Estudo de mestranda de Arquitetura aponta concentração de poluentes no Centro Histórico de Porto Alegre

Publicado em 08/11/2024

Escrito por: Bárbara Born

Marluse Guedes Bortoluzzi analisou a qualidade do ar através de amostras de aerossóis presentes na atmosfera e simulações computacionais

Você já parou para pensar em como a estrutura da cidade impacta na qualidade do ar? A disposição e layout dos edifícios, a presença de vegetação e o transporte público são alguns dos aspectos que influenciam diretamente nas condições do ar e na ventilação urbana. Como mostra o estudo realizado por Marluse Guedes Bortoluzzi, aluna do Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da Atitus, com orientação do professor Alcindo Neckel.

Através de quantitativos de aerossóis presentes na atmosfera e simulações computacionais, Marluse analisou a qualidade do ar do Centro Histórico de Porto Alegre. “A pesquisa é inédita na área de ventilação natural, utilizando um modelo 3D em tamanho real representando um bairro inteiro de uma metrópole”, ressalta a pesquisadora.

O estudo de aerossóis foi realizado através do uso de imagens de satélites da cidade de Porto Alegre disponibilizadas pela Agência Espacial Europeia (ESA), referente aos anos de 2019, 2020 e 2021. Para o tratamento das imagens obtidas e a coleta de informações a respeito dos aerossóis atmosféricos foi utilizado um software de Sistema de Informações Geográficas. Já para analisar a ventilação urbana da área, foi realizada uma simulação computacional de fluidodinâmica no software VENTO AEC, resultando em um modelo com aproximadamente 2.993 edificações e uma área total de 22,46 km², toda área do Centro Histórico.

imagem 3 - ÁREAS DE ESTAGNAÇÃO DOS POLUENTES E VELOCIDADE.jpg Representa a velocidade do vento ao nível do solo e o volume onde a poluição atmosférica apresentou uma maior concentração

“Através de simulações de fluxo de vento, foi possível observar a formação das áreas em que ocorre a estagnação e recirculação de ar, causando um agravamento na concentração de poluentes dispersos na atmosfera”, compartilha Marluse.

Resultados

A pesquisa identificou que a área que apresentou uma maior concentração de contaminantes está localizada a Noroeste do Centro Histórico, abrangendo uma área de uso misto entre a Praça da Alfândega e a Praça Brigadeiro Sampaio, onde estão localizados órgãos governamentais, instituições bancárias, órgãos administrativos do município e locais destinados à cultura, lazer e turismo.

imagem 4 - centro historico com ruas e praça da alfandega.jpeg Áreas que apresentaram os piores níveis de poluição do bairro

As amostras examinadas apresentaram elementos tóxicos em NPs e partículas ultrafinas, entre eles os mais tóxicos: Arsênio (As), Cádmio (Cd), Chumbo (Pb), Cromo (Cr), Mercúrio (Hg) e Níquel (Ni). Esses poluentes são oriundos do tráfego de veículos motorizados, bem como da proximidade de ferrovias e indústrias.

Marluse ressalta que o estudo mostrou que o impacto da morfologia urbana no comportamento da ventilação é de grande importância para o conforto e, principalmente, para a saúde dos transeuntes, podendo acarretar prejuízos a longo prazo. “Isso mostra a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa para identificar as fontes de poluição, além de subsidiar novas obras públicas”, enfatiza.

Outra conclusão importante do estudo foi a redução da concentração de poluição atmosférica na área durante a pandemia de COVID-19. Isso se deve a diminuição das atividades industriais no período e, consequentemente, reduções drásticas na libertação de aerossóis para a atmosfera.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Brasil, os efeitos da pandemia levaram à dissolução definitiva de 70.842 empresas no Rio Grande do Sul até 2021, algumas das quais com características poluidoras (SDE 2023).

imagem 1 - distribuição dos aerossóis atmosféricos em POA.jpg Indica a distribuição satelital de aerossóis nos períodos de inverno e verão dos anos 2019, 2020, 2021 e 2022. Mostra claramente uma maior concentração de poluentes no inverno de 2019, com uma redução significativa devido à pandemia

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