Presidente da Atitus participa do Zero Hora Talks sobre qualificação do ensino em Medicina
Publicado em 14/11/2024
Escrito por: Caue Fonseca
Painel com especialistas foi promovido por Zero Hora e Cremers em Porto Alegre
A Atitus Educação esteve representada, na última terça-feira (12), em um debate crucial sobre o futuro da saúde no Brasil. Realizado na sede do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), o Zero Hora Talks colocou em pauta a qualificação e a necessidade — ou não — de expansão dos cursos de Medicina.
Com mediação da jornalista Rosane de Oliveira, o embate de ideias contou com a participação de Eduardo Capellari, presidente da Atitus Educação; Eduardo Neubarth Trindade, presidente do Cremers; e Sandro Schreiber, presidente da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem). O evento foi promovido por Zero Hora e Cremers.
Evento foi realizado na sede do Cremers e transmitido ao vivo no YouTube
Em sua fala de abertura, Capellari ressaltou a complexidade do problema, que, em sua visão, não se resume à questão de formar um número suficiente de médicos. Segundo ele, um ponto de preocupação é a abertura de cursos por meio de liminares na Justiça, o que gera insegurança jurídica para os estudantes e distorções na oferta de profissionais de saúde.
“Apesar de termos aumentado o número de formados, há uma concentração de médicos nas capitais e falta de profissionais em áreas remotas, que sofrem com infraestrutura e remuneração inadequadas. Além disso, a abertura judicializada de novos cursos de Medicina, muitas vezes sem critérios claros, compromete a qualidade e a distribuição desses profissionais”, destacou Capellari.
O ponto de vista de Capellari alinhou-se ao de Schreiber, que enfatizou as particularidades do sistema de saúde brasileiro, único no mundo.
“É preciso considerar que não há outro país com um sistema de saúde universal e de dimensões continentais como o Brasil, onde subsistemas público e privado coexistem. Embora o país esteja próximo da média da Organização Mundial da Saúde em médicos por habitante, ainda enfrentamos problemas de acesso e desigualdade no atendimento, o que torna difícil determinar um número ideal de médicos”, afirmou o presidente da Abem.
Por outro lado, o presidente do Cremers defendeu a ideia de que o Brasil já possui médicos em número suficiente, mas carece de especializações e de infraestrutura para qualificá-los, como residências, programas de pesquisa e hospitais universitários.
“Não precisamos de mais médicos, e sim de uma formação mais sólida para atender às necessidades sociais. O Rio Grande do Sul já tem um número de médicos comparável ao de países europeus, mas é a qualidade e a distribuição desses profissionais que precisam ser melhoradas, com foco em uma formação mais qualificada e no aumento do acesso à população”, argumentou Trindade.
Eduardo Capellari, Eduardo Trindade, Rosane de Oliveira e Sandro Schreiber fizeram debate elogiado pelo alto nível
Após dividir a experiência da Atitus, em especial o investimento em pesquisa e a parceria no Campus Hospital de Clínicas, Capellari concluiu sua participação propondo uma reflexão sobre o desafio de alinhar o ensino às expectativas de uma nova geração de estudantes, cuja inspiração de carreira é fortemente influenciada por ambientes como as redes sociais:
“Qual é o comportamento desta geração que está ingressando hoje nas universidades para cursar Medicina ou outras áreas? Qual é o perfil cultural, de consumo e de expectativas? Mesmo com bolsas, há residências em que ninguém se interessa. Isso não depende apenas de regulamentação. É necessário pensar se a educação que estamos oferecendo está alinhada com os sonhos e valores dos novos tempos”, ponderou.
O debate — elogiado ao final pela jornalista Rosane de Oliveira pelo alto nível e clareza das ideias — está disponível na íntegra no canal do YouTube de GZH.
Crédito das fotos: Caue Fonseca, Atitus/Divulgação