Professora da Atitus integra estudo da UFRGS com IA no rastreio do câncer bucal
Publicado em 20/12/2025
Pesquisa conecta inteligência artificial, saúde pública e formação acadêmica com impacto direto na prevenção do câncer bucal
A Atitus está presente em uma pesquisa inovadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), coordenada pelo professor Pantelis Varvaki Rados, que aposta no uso da inteligência artificial para otimizar e ampliar as estratégias de rastreio do câncer de boca. A professora da Atitus e doutora pela UFRGS, Tatiana Wannmacher Lepper, integra o projeto desde o período de seu mestrado e doutorado. Atualmente, o estudo encontra-se na fase multicêntrica e longitudinal, reunindo pesquisadores das áreas de Odontologia e Informática. A pesquisa foi destaque em reportagem do G1 e da Record.
Para a coordenadora do curso de Odontologia da Unidade Porto Alegre da Atitus, Helena Carracho, a participação da instituição em pesquisas dessa natureza reforça o papel da formação acadêmica conectada à ciência e às demandas reais da sociedade. “A presença de docentes da Atitus em pesquisas de ponta, como este estudo conduzido na UFRGS, evidencia o compromisso da instituição com uma formação que ultrapassa a sala de aula e contribui diretamente para o avanço da saúde pública e da ciência no país.”

O foco da pesquisa é o carcinoma espinocelular, tipo mais comum de câncer bucal, responsável por cerca de 15 mil novos casos por ano no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam que aproximadamente 6 mil pessoas morrem anualmente em decorrência da doença, sendo que mais de 60% dos diagnósticos ocorrem em estágios avançados - fator que reduz significativamente as chances de cura e piora o prognóstico.
A proposta do estudo, segundo Tatiana, é desenvolver um sistema multicategórico capaz de identificar o risco da doença a partir de fatores comportamentais e sociodemográficos, antes mesmo do surgimento de lesões visíveis. O foco está no rastreamento de grupos de risco, como pessoas que fumam e consomem álcool, fatores fortemente associados ao câncer bucal. “O processo tem início com a coleta de fluidos da cavidade oral dos pacientes, que passam a ser acompanhados ao longo do tempo. Tradicionalmente, esse tipo de análise celular é realizada manualmente, com especialistas observando possíveis alterações ao microscópio, um método preciso, porém demorado, oneroso e de difícil escalabilidade”, conta.
Com o uso da nova tecnologia, a inteligência artificial assume a leitura das imagens celulares, identificando mudanças sutis no núcleo das células, como variações de forma, tamanho e coloração, que podem indicar predisposição ao desenvolvimento do câncer.
Segundo Helena, a aplicação da inteligência artificial no rastreamento do câncer bucal representa um avanço relevante também para a formação dos futuros cirurgiões-dentistas. “Ao acompanhar e participar de pesquisas que integram tecnologia, dados e cuidado em saúde, nossos estudantes ampliam a compreensão sobre o papel da Odontologia no diagnóstico precoce e na prevenção, desenvolvendo uma visão mais crítica, científica e alinhada às transformações da profissão.”
Os pesquisadores destacam que a tecnologia não substitui exames clínicos definitivos, como a biópsia, necessária para o diagnóstico e estadiamento da doença. A proposta é que a IA atue como um exame complementar, auxiliando na identificação de riscos antes do aparecimento das lesões e apoiando os profissionais de saúde na tomada de decisão. A ideia é estabelecer valores de referência capazes de classificar pacientes com maior ou menor probabilidade de desenvolver a doença, permitindo intervenções mais precoces e acompanhamento direcionado.
Conduzida no âmbito acadêmico, a pesquisa coordenada por Tatiana possui caráter longitudinal e deve levar cerca de 10 anos para ser concluída. Esse período é necessário para acompanhar os pacientes ao longo do tempo e validar os padrões inicialmente identificados nos estudos transversais realizados durante o doutorado. “Precisamos acompanhar esses pacientes por um tempo prolongado para verificar se os valores seguem o mesmo padrão observado inicialmente ou se sofrem alterações. Caso isso ocorra, será necessário ajustar os valores de referência e otimizar os sistemas para que funcionem adequadamente”, explica a pesquisadora.
A expectativa é que, após validada, a tecnologia possa ser incorporada à rede pública de saúde, ampliando o acesso ao diagnóstico precoce do câncer bucal e contribuindo para a redução da mortalidade associada à doença. A participação da professora da Atitus no projeto, em conjunto com alunos da graduação em Odontologia da Atitus, por meio da Iniciação Científica, reforça o compromisso institucional com a produção científica, a inovação e a integração entre ensino, pesquisa e impacto social.
